Rota Bioceânica:


Rota Bioceânica:

A Revolução Logística que Coloca Mato Grosso do Sul no Coração da América do Sul
A Rota Bioceânica, também conhecida como Corredor Bioceânico ou Rota de Integração Latino-Americana (RILA), é um dos projetos de infraestrutura mais ambiciosos da América do Sul, prometendo transformar a logística, o comércio e o turismo na região. Com um traçado de aproximadamente 2.396 quilômetros, a megaestrada conectará o Oceano Atlântico, a partir do Porto de Santos (SP), ao Oceano Pacífico, nos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, passando por Paraguai, Argentina e, estrategicamente, pelo estado de Mato Grosso do Sul, que se posiciona como o ponto nevrálgico dessa integração continental.
Mato Grosso do Sul: O Portal Brasileiro da Rota Bioceânica
Mato Grosso do Sul desempenha um papel central no projeto, sendo o ponto de partida no Brasil a partir do município de Porto Murtinho, na fronteira com Carmelo Peralta, no Paraguai. A construção da ponte internacional sobre o Rio Paraguai, que liga essas duas cidades, é um marco fundamental para a viabilização da rota. Com mais de 60% das obras concluídas, a ponte de 1.294 metros, financiada pela administração paraguaia da Itaipu com investimento de R$ 575,5 milhões, tem previsão de entrega para março de 2026. Essa estrutura, composta por viadutos de acesso e uma seção estaiada de 632 metros, é essencial para conectar o Brasil ao corredor logístico que atravessa o Paraguai e a Argentina até os portos chilenos.
Além da ponte, o governo brasileiro avança na infraestrutura complementar. A BR-267, que corta o estado, está sendo ampliada e modernizada, com destaque para a construção de um acesso de 13,1 quilômetros até a ponte e a recuperação de 104 quilômetros entre Porto Murtinho e Alto Caracol. Essas obras, com investimento de R$ 711,6 milhões do Novo PAC, incluem a construção de um centro aduaneiro em Porto Murtinho, reforçando a capacidade do estado como hub logístico.
Impactos Econômicos e Sociais para Mato Grosso do Sul
A Rota Bioceânica promete revolucionar a economia de Mato Grosso do Sul, especialmente para o agronegócio, que é o motor econômico do estado. Estudos apontam que o corredor pode movimentar até US$ 1,5 bilhão por ano em exportações de produtos como carnes, açúcar, farelo de soja e couros, beneficiando não apenas o estado, mas também regiões como Mato Grosso, Goiás, o leste do Paraná, o oeste de São Paulo e Minas Gerais. A redução de até 9,7 mil quilômetros nas rotas marítimas para a Ásia, equivalente a cerca de 12 dias a menos em uma viagem para a China, pode cortar custos logísticos em até 25%, aumentando a competitividade dos produtos brasileiros no mercado asiático.
Porto Murtinho, em particular, está se transformando em um polo de desenvolvimento. O município, que historicamente dependia do turismo de pesca, já observa um crescimento de 10,63% na abertura de novos negócios entre 2022 e 2023, segundo o Mapa de Empresas do Governo Federal. A chegada de investidores e a expectativa de aumento no fluxo de mercadorias e turistas estão impulsionando a economia local, com a prefeitura se mobilizando para organizar a cidade para receber esse crescimento.
Além do impacto econômico, a Rota Bioceânica promove a integração cultural e o turismo. Cidades como Campo Grande, Nioaque, Guia Lopes da Laguna e Jardim, que integram o traçado da rota no estado, se beneficiarão do aumento no fluxo de visitantes, atraídos por destinos como o Pantanal Sul-Mato-Grossense. A criação de comitês de promoção turística entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile reforça o potencial de intercâmbio cultural e desenvolvimento regional.
Desafios e Perspectivas
Apesar do otimismo, a Rota Bioceânica enfrenta desafios, como a necessidade de harmonização de normas aduaneiras entre os quatro países e a mitigação de impactos socioambientais, especialmente no Pantanal e no Cerrado, onde a expansão agrícola já pressiona os ecossistemas. A área de grãos em municípios como Bonito e Nioaque, por exemplo, cresceu significativamente nos últimos anos, trazendo preocupações com desmatamento e uso intensivo de agrotóxicos.
Ainda assim, o projeto é visto como irreversível. O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, destaca o papel estratégico do estado: “Estamos no coração da América do Sul, conectando diferentes regiões por meio de hidrovias, ferrovias e estradas. A Rota Bioceânica nos deixa muito otimistas em relação ao futuro.”
Um Futuro Conectado
Com a conclusão das obras previstas para 2026, incluindo a pavimentação do último trecho da Ruta 15 no Paraguai e melhorias nas rodovias argentinas e chilenas, a Rota Bioceânica está cada vez mais próxima de se tornar realidade. Para Mato Grosso do Sul, o projeto representa não apenas uma transformação logística, mas também uma oportunidade de se consolidar como um hub econômico, cultural e turístico no coração da América do Sul. A megaestrada não é apenas uma conexão entre oceanos, mas um caminho para o desenvolvimento, a integração e a prosperidade regional.

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